“Para falar ao vento
bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras”.
Pe. Antonio Vieira
É possível ensinar o
cidadão a ser virtuoso, ético? Esta é a pergunta em torno da qual se iniciam nossas
reflexões.
Nossa primeira premissa é a seguinte: “A
formação ética e cidadã não é uma nova incumbência da escola”. Para confirmarmos essa fala revisemos a temática na literatura de filósofos gregos:
Segundo as
ideias de Aristóteles, Sócrates e Protágoras
·
Os homens tornam-se virtuosos e bons devido a três fatores:
Natureza
|
Hábito (ethos)
|
Razão (logos)
|
Caráter do
indivíduo
|
Modo de vida;
algo que se tende a fazer sempre
|
Discurso, fala,
pensamento, argumentação, decisão racional
|
·
À arte e à educação cabe completar o que
falta à Natureza. A educação precisa ser colocada a serviço do
bem comum, formando pessoas que lutem por este bem e interesses comuns dos
cidadãos. Uma sociedade democrática forma cidadãos democráticos e uma formação
democrática a aperfeiçoa.
·
Não existe uma disciplina ou professor específico para o ensino da
ética. Os valores que guiam nossas condutas são práticas sociais que herdamos
de nosso entorno (escola, igrejas, mídia, família etc.). A escola precisa
reconhecer que a formação ética requer sua participação (de todos os
funcionários da escola, não só dos professores), embora não lhe seja totalmente
específico.
·
A formação ética e cidadã não se desvinculam do ensino dos conteúdos. No
ensino da leitura, por exemplo, se usam textos impregnados de valores éticos.
No ensino de história ou de literatura temos muitos exemplo de personagens que
tiveram ou não atos de coragem, covardia, solidariedade, desprezo, compaixão,
respeito etc.
·
Ensinamos valores éticos pelo exemplo e pela exigência e sua construção
leva tempo. Dessa forma um professor não ensina solidariedade somente dizendo
aos alunos “sejam solidários”, mas tendo para com eles atitudes solidárias.
·
Necessitamos ser prudentes, porque pelo exemplo, ensinamos tanto
virtudes como vícios.
Há quem seja saudosista e
afirme “A escola de antigamente, sim, é que era boa. O professor só precisava
ensinar os conteúdos, a família cuidava de educar.”
Quem comete uma fala dessa
se esquece de refletir acerca de como era essa escola de antigamente. Essa
escola do final do século XX era uma instituição que atendia mais ou menos a
quinze por cento da população do estado de São Paulo. Era uma escola “boa”
porque era para alunos “bons e ducados”. Pouquíssimos alunos detinham uma de
suas carteiras e talvez por isso a temática ética e cidadania não fosse um
assunto tão recorrente em seus corredores.
Hoje a escola brasileira é
para todos. Independente da discussão de qualidade, todos estão na escola. E a
discussão da temática do ensino de ética e cidadania se faz tão premente por
conta disso: os excluídos passaram a ter acesso. E agora o que fazer com eles?
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